quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Beije Minha Lápide

Sem dúvidas um dos maiores atores da nossa história teatral e televisiva é Marco Nanini. Adoro assistir as sua entrevistas, programas de participa e principalmente sua atuação no teatro. Atualmente ele esta no teatro  com a peça  “Beije minha lápide”. 
Aplaudir o ator Marco Nanini neste drama reaviva a esperança de futuro para o teatro brasileiro. Aos 66 anos, um dos grandes intérpretes do país abraça a renovação e, com o texto do talentoso carioca Jô Bilac, de 31, explora múltiplos recursos de seu talento. Bel Garcia, a diretora da peça, permite que Nanini transite por diferentes caminhos na construção de Bala, escritor gay com verdadeira devoção pelo irlandês Oscar Wilde. Libertário e impulsivo, ele quebrou a proteção de vidro da sepultura do autor no cemitério Père-Lachaise, em Paris, e acabou na cadeia. A advogada Roberta (papel de Carolina Pismel) enfrenta a resistência do cliente e tem uma difusa ligação com Ingrid (Joelia Marini), filha de Bala e guia turística do Père-Lachaise. Sobra para ele a amizade de Tommy (Paulo Verlings), carcereiro de ambições literárias e raso talento. Com catorze peças montadas, Jô Bilac alcança a maturidade em uma obra provocativa e de diálogo contemporâneo. Referências a Wilde e à capital francesa dão certo charme, mas o texto chega ao ápice na discussão de homofobia e repressão. Estreou em 16/1/2015. Até 1º/3/2015.
Aguardando ansiosamente uma tournée pelo Sul do País.
  
 Fonte: Veja

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Leviatã

Finalmente chega ao Brasil, mais especificamente em Recife, o longa-metragem russo Leviatã , vencedor dos prêmios de Melhor Filme da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e de Melhor Roteiro no Festival de Cannes, ambos no ano passado, e de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro este ano.
Ao assistir a Leviatã, o espectador deve perceber uma certa semelhança com uma realidade próxima. Assim como no Brasil, a corrupção é um mal que assola a Rússia Em tom de crônica, o longa ganha um formato comparável a uma charge, que retrata personagens e situações com traços exagerados para ressaltar seu lado grotesco. No filme, a trama gira em torno de Kolia (Aleksey Serebryakov), morador de uma pequena cidade costeira, próxima ao Mar de Barents, no norte da Rússia, que se vê forçado a lutar contra o corrupto prefeito Vadim Shelevyat (Roman Madyanov) depois que fica sabendo que sua propriedade, onde vive desde que nasceu e onde fica sua oficina e a casa em que mora com o filho e a esposa, será desapropriada. Para ajudá-lo, ele pede a ajuda do velho amigo Dimitri (Vladimir Vdovichenkov), com quem lutou no Exército, agora advogado. Determinado, Nicolai tenta, como qualquer cidadão, apelar para os meios legais. Porém, como em qualquer sistema político perverso, todos são manipulados por aquele que representa o domínio pela violação do direito democrático. Desesperado, Kolia vê o suborno como outra opção para sustentar sua dignidade, o que apenas faz com que o prefeito se torne mais decidido a esmagar seu oponente. Tão determinado quanto seus personagens, o diretor Andrey Zvyagintsev não hesita e nem alivia no desenvolvimento da saga dos moradores do belo rincão que parece abandonado pelas autoridades e por qualquer parâmetro de decência. Do caos burocrático, o roteiro se aprofunda em problemas sociais e familiares que estão intrisecamente relacionadas à questão macro. O alcoolismo é um dos mais expressivos. Presente do café da manhã ao gargarejo de antes de dormir, o uso contínuo de vodca afeta a sobriedade dos personagens das decisões familiares às políticas. Nesse caldeirão nauseante, até quem chega para ajudar, como o amigo Dimitri, acaba se envolvendo em uma espiral de perversão que parece não ter fim. Impiedoso, Zvyagintsev em momento algum parece querer demonstrar qualquer tipo de otimismo sobre uma mudança dessa realidade a curto ou médio prazo. Muito menos afortunar as peças de tabuleiro de xadrez nefasto da vida real com um pingo sequer de misericórdia. Cabe apenas ao espectador decidir se demonstra ou não

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Adultério - Paulo Coelho

Adoro os livros de Paulo Coelho e vou contar pra vocês um pouco do livro 'Adultério'.

Depois de se basear numa história real de prostituição para escrever “Onze minutos” (2003), Paulo Coelho voltou a se debruçar sobre depoimentos para compor “Adultério”  O seu 14º livro.

A idéia do livro surgiu depois que Paulo Coelho lembrou que leu o “Relatório Kinsey” (livro sobre a sexualidade humana, de 1948), quando criança, fez uma pesquisa e concluiu  que não existe aberração sexual. Recentemente, refletindo sobre a depressão, que é um dos maiores problemas hoje em dia, resolveu perguntar nas redes sociais o que as pessoas achavam sobre isso. 

De mais de mil respostas, 90% delas, disseram que a depressão estava ligada à infidelidade ou a uma decepção amorosa, então ele viu que, de fato, essa era uma questão mal resolvida para as pessoas. Aí percebeu que aquilo merecia mais do que um post de blog.

Usou coisas centrais do tema do adultério, mas não é uma história de uma pessoa só [embora tenha focado muito numa pessoa desses fóruns].

Não há nada de autobiográfico na história. 

Primeiro que, ele, Paulo, nunca teve depressão; e segundo que, esse tema nunca foi um problema em seu casamento, pois tem um casamento marcado pela confiança mútua e pela liberdade.



A história mostra um caso de casamento aberto entre o personagem Jacob e sua mulher. 

E tudo o que acontece com pessoas que aceitam este tipo de casamento, os sentimentos, as adversidades, as aventuras. Até que chega a hora do vazio e decidem procurar uma ajuda externa. Depois de buscar a terapia tradicional, a personagem procura um xamã para resolver seu problema. Ela busca apoio porque precisa entender que o casamento não é algo que parou no tempo. Ela está casada há dez anos e não pode entender que o marido seja o mesmo. 

A dificuldade reside em aceitar mudanças [às vezes parece que quando você casa, vira um vampiro, não muda mais], mas a vida continua [a gente fica querendo represar emoções, tem medo de mudar. Não digo mudar de parceiro — pelo contrário, mas de aceitar novos horizontes]. Às vezes um dos dois sempre reclama um pouquinho, é verdade, mas quem tem coragem enfrenta. 

E o amor é sempre algo libertador.

O Livro é muito interessante, mas na minha opinião, quanto mais eu vivo, mais tenho dificuldade de aceitar o casamento aberto. 

Talvez quando eu fosse mais jovem... Mas acho que compromisso é algo muito importante.

Ninguém te obriga a estar casado, nem a continuar casado. 

Mas você fica casado por um compromisso que fez. Se você não faz escolhas na vida, isso não vale nada.

Por Heloisa Bento

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Vivendo no Mundo das Cores e da Criatividade

Admiro profundamente pessoas criativas que nascem com o dom de embelezar e alegrar o mundo em que vivemos. Convivo diariamente com uma pessoa assim e vou apresentá-lo a vocês agora.

Minha mãe sempre contava que ele já nasceu artista, que quando tinha apenas 4 anos de idade desmontou um quadrado de pequenos parquês do piso do quarto dela [arte de criança], ele viu que um dos parquês estava solto e com seu dedinho pequeno foi tirando as outras peças de madeira do quadrado. [Claro que quando ela viu, ficou muito brava e falou em tom austero para que ele colocasse as peças todas no lugar, e saiu do quarto o deixando ali, óbvio que foi só para que ele visse que tinha feito arte].

Para surpresa de minha mãe, quando ela voltou ao quarto ele havia colocado as peças do parquê exatamente no mesmo lugar montando inclusive o mesmo desenho das peças do piso.

Contei esta passagem da vida deste artista apenas para mostrar que quando se tem um dom de Deus temos que explorá-lo. As artes sempre foram sua paixão.

Formou-se em Artes Plásticas pela UFRGS em 1977 e em Arquitetura também pela UFRGS em 1980, e desde então, o mundo ganhou um grande Artista Plástico e um grande Arquiteto.

Um profissional dedicado e que leva sua missão de criar com uma seriedade impressionante.

Como Arquiteto é um profissional de sucesso, com  milhares de projetos maravilhosos, e como Artista Plástico brinca com as cores como poucos, com várias exposições, também de sucesso, dos seus trabalhos.
^Qqq
Quero apresentar a vocês, o meu amado irmão, meu ídolo, João Carlos Bento:

Veja essas e mais obras dele [em seu site], clicando AQUI

"Maktub", de Paulo Coelho trás um ensaio sobre "A Busca da Felicidade"

Livro: Maktub
Autor: Paulo Coelho

Maktub não é um livro de conselhos, mas uma troca de experiências. A maior parte dos textos se refere a ensinamentos que Paulo Coelho recebeu de seu mestre ao longo de 11 anos. Outros são relatos de amigos ou pessoas desconhecidas que de uma forma ou de outra lhe deixaram uma mensagem inesquecível. Finalmente, existem trechos de livros que ele leu e de histórias que pertencem à herança espiritual da raça humana.

A proposta do autor é reunir um apanhado da sabedoria universal destacando um ponto comum a todas as histórias: a busca da felicidade. Embora o desejo de ser feliz seja relatado em contextos tão diversos, fica fácil concluir que, não importa o lugar ou a época, ele sempre se baseia nos mesmos pilares: amor, humildade, solidariedade e renúncia.

Maktub, Paulo Coelho
Maktub oferece aos leitores uma oportunidade de refletir e se reencontrar. Se você está percorrendo o caminho de seus sonhos, comprometa-se com ele. Não deixe a porta de saída aberta através da desculpa: “Ainda não é bem isto que eu queria.” Assuma o seu caminho. Mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que pode fazer melhor o que está fazendo. Se você aceitar suas possibilidades no presente, com toda certeza vai se sair melhor no futuro.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Um Pungente Retrato de Abandono e Horror [Holocausto Brasileiro]


Um genocídio que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colonia, em Barbacena, fundado em 1903. 

A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas, ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza.  Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. 

Em "Holocausto Brasileiro", a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas."

Livro "Holocausto Brasileiro" de Daniela Arbex
Arrepiante...

Até onde irá a crueldade humana? Será assim tão desatual? Ou hoje em dia continua a existir isto e coisas do género? Talvez impere a visão de "Longe da Vista, Longe do Coração", mas isso resolve os problemas? Certamente é muito mais fácil e cómodo assobiar para o lado e fingir que nada se sabe... mas aí a dúvida cresce... será Desumano ou ser Humano é isso mesmo? 

Cresci, vivo e certamente morrerei com essa interrogação!


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ


"Ensaio sobre a Lucidez" é uma das principais obras do saudoso escritor, português, José Saramago. Foi lançada em 2004.

Nessa obra, o autor estabelece uma representação realista e dramática da grande questão das democracias no mundo: serão elas verdadeiramente democráticas? Representarão nelas os cidadãos, os eleitores, um papel real, e não apenas meramente formal?

Saramago ainda desenvolve uma crítica mordaz às instituições do poder político: "sob a democracia podem estar vetores de natureza autoritária - lúcido é quem os enxerga".

Polêmico contumaz que era, ao lançar esse livro teve como objetivo levantar essas discussões e na época prometeu gerar mais "desassossego" que sua obra lançada em 1991: "O evangelho segundo Jesus Cristo".

Segue abaixo um trecho interessante do livro que retrata essa análise:

"Num país qualquer, num dia chuvoso de votação, poucos eleitores compareceram para votar, durante a manhã. As autoridades eleitorais, preocupadas, chegaram a supor que haveria uma abstenção gigantesca. À tarde, quase no encerramento da votação, centenas de milhares de eleitores compareceram aos locais de votação. Formaram-se filas quilométricas, e tudo pareceu normal. Mas, para desespero das autoridades eleitorais, houve quase setenta por cento de votos em branco. Uma catástrofe. Evidentemente que as instituições, partidos políticos e autoridades, haviam perdido a credibilidade da população. O voto em branco fora uma manifestação inocente, um desabafo, a indignação pelo descalabro praticado por políticos pertencentes aos partidos da direita, da esquerda e do meio. Políticos de partidos diferentes, mas de atuações iguais, usufruindo de privilégios que afrontavam a população. Os eleitores estavam cansados, revoltados. Os governantes, sentindo-se ameaçados, trataram de agir em nome da ordem, perseguindo, prendendo, maltratando, eliminando. Alguns que viveram os horrores da cegueira branca, novamente sofreram. Os governantes, preocupados em salvar a própria pele, em garantir o poder, não perceberam que a cegueira branca de outrora, demonstrativo de que há muito o homem estava cego, tinham paralelo com o voto branco de agora, indicativo de que a população não perdera a lucidez. Estranhamente, não houve uma mobilização para o fato".

Afinal de contas, vivemos em um Estado Democrático de Direito??? 

Essas pessoas retratadas nas imagens abaixo estavam apenas exercendo o seu livre direito de manifestar contra a situação vigente em seu país, em que nada funciona! Saúde, educação, transporte, tudo um LIXOOOO. E vejam só como são tratados pelo Estado "Democrático" Brasileiro. Cabe destacar que as pessoas que estão sendo agredidas, não são bandidos, tá? O primeiro é um professor, o segundo é um cinegrafista de uma emissora de televisão, o terceiro é um advogado e a última, uma jornalista.

Onde está a Democracia nessas imagens???


Aqui você poderá observar como as pessoas foram retiradas de suas casas que ficavam nas proximidades dos estádios que passaram por reformas para receber a Copa do Mundo, no estilo brasileiro de ser, sempre limpando a sujeira pra debaixo do tapete!

Destaque para o Maracanã

Link => https://www.facebook.com/photo.php?v=282262928578010

Após assistir o vídeo, me digam! Encontraram traços de democracia aí???

Aproveitei esse gancho dado pela estória narrada no livro apenas para promover uma reflexão sobre tudo o que vivemos nesse "país das maravilhas". E diga-se de passagem: a Alice daqui é horrorosa!

Mas enfim, esse livro é bastante interessante pra quem gosta e costuma fazer esse tipo de questionamento. 

Finalizo com uma citação de uma outra obra do Saramago, "Ensaio sobre a cegueira", que inclusive deu origem a essa que acabamos de fazer uma breve análise.

Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem".
(José Saramago)

 HENRI PIMPÃO

Crônicas de Martha Medeiros

Umas das escritoras gauchas que mais gosto e faço questão de dividir com vocês um trecho


Feliz por Nada, de Martha Medeiros


Dentro de um abraço

Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento? 

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível. 

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista. 

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo? 

Meu palpite: dentro de um abraço. 

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve. 

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso. 

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito. 

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama? 

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste. 
12 de junho de 2008
(Por Heloísa Bento)